ATA DA VIGÉSIMA PRIMEIRA SESSÃO SOLENE DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 07-8-2001.

 


Aos sete dias do mês de agosto do ano dois mil e um, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dezessete horas e dezesseis minutos, constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada à entrega do Troféu Destaque Mário Quintana ao Senhor Roberto Bicca Pimentel - Tatata Pimentel, nos termos do Projeto de Resolução nº 022/00 (Processo nº 1104/00). Compuseram a MESA: o Vereador Fernando Záchia, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; o Senhor João Verle, Vice-Prefeito Municipal de Porto Alegre; o Senhor Ercy Torma, Presidente da Associação Riograndense de Imprensa - ARI; o Senhor Tatata Pimentel, Homenageado; a Vereadora Clênia Maranhão, na ocasião, Secretária "ad hoc". A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, ouvirem a execução do Hino Nacional e concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. A Vereadora Clênia Maranhão, em nome das Bancadas do PMDB, PC do B e PL, enfatizou a oportunidade de poder se pronunciar na presente homenagem, destacando o brilhantismo e a irreverência do Senhor Tatata Pimentel, nas diversas atividades que desempenha. Também, apontou a vasta experiência e cultura internacionais do Homenageado, elogiando o sucesso duradouro que acompanha a carreira profissional de Sua Senhoria. Na ocasião, o Senhor Presidente convidou a Vereadora Clênia Maranhão a proceder à entrega do Troféu Destaque Mário Quintana ao Senhor Tatata Pimentel. Em prosseguimento, foi dada continuidade às manifestações dos Senhores Vereadores. O Vereador Antonio Hohlfeldt, em nome da Bancada do PSDB, parabenizou a iniciativa da Vereadora Clênia Maranhão em propor a presente Sessão Solene, mencionando a admiração que mantém pelo Senhor Tatata Pimentel e lembrando a convivência que teve com o Homenageado, na condição de alunos e, posteriormente, professores da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUC. O Vereador Adeli Sell, em nome da Bancada do PT, salientou a justeza da entrega do Troféu Destaque Mário Quintana ao Senhor Tatata Pimentel e enalteceu a personalidade dinâmica do Homenageado, afirmando que a trajetória de Sua Senhoria, como professor, homem de televisão e incentivador cultural representa as múltiplas facetas da Cidade de Porto Alegre e contribui para a transformação da nossa sociedade. O Vereador Isaac Ainhorn, em nome da Bancada do PDT, registrou passagens da vida do Senhor Tatata Pimentel, como estudante do Colégio Júlio de Castilhos e posteriormente como professor e comunicador, e louvou a criatividade, a competência e a renovação permanente nas diversas atividades desenvolvidas por Sua Senhoria, exaltando, especialmente, o empenho com que o Homenageado se dedica ao jornalismo televisivo. O Vereador Beto Moesch, em nome da Bancada do PPB, teceu considerações a respeito da história profissional do Senhor Tatata Pimentel e ressaltou o estilo extremamente qualificado com que Sua Senhoria exerce a função de comunicador. Ainda, enfocou episódio em que o Homenageado, na época em que era professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUC, liberou seus alunos e participou de debate promovido por candidatos a Vereador da Cidade. O Vereador Reginaldo Pujol, em nome da Bancada do PFL, felicitando a sensibilidade da Casa em realizar a entrega do Troféu Destaque Mário Quintana ao jornalista Tatata Pimentel e ressaltando a importância de se homenagear pessoas que representam o cotidiano de Porto Alegre, sublinhou as qualidades e o conhecimento demonstrados por Sua Senhoria, particularmente no comando dos programas de comunicação que apresenta. O Vereador Haroldo de Souza, em nome da Bancada do PTB, reportou-se à maneira abnegada com que o Senhor Tatata Pimentel trata as pessoas e à dedicação com que se empenha em realizar as múltiplas atividades que desenvolve. Também, recordou os profundos conhecimentos do Homenageado no campo das artes plásticas e da música clássica, declarando ser a sensibilidade um atributo das pessoas que se destacam das demais. O Vereador Carlos Alberto Garcia, em nome da Bancada do PSB, congratulando a proposição da Vereadora Clênia Maranhão, que outorga o Troféu Destaque Mário Quintana ao Senhor Tatata Pimentel, recordou a convivência que teve na década de mil novecentos e sessenta com o Homenageado, na condição de aluno do Colégio Infante Dom Henrique, bem como o envolvimento de Sua Senhoria nas atividades culturais de Porto Alegre. Em seguida, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Tatata Pimentel, que agradeceu o Troféu recebido. Após, o Senhor Presidente convidou os presentes para, em pé, ouvirem a execução do Hino Rio-Grandense e, nada mais havendo a tratar, agradeceu a presença de todos e declarou encerrados os trabalhos às dezoito horas e dezenove minutos, convidando a todos para a Sessão Solene a ser realizada a seguir. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Fernando Záchia e Carlos Alberto Garcia e secretariados pela Vereadora Clênia Maranhão, como Secretária "ad hoc". Do que eu, Clênia Maranhão, Secretária "ad hoc", determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pela Senhora 1ª Secretária e pelo Senhor Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Estão abertos os trabalhos da presente Sessão Solene, destinada a homenagear o comunicador social Tatata Pimentel com o Troféu Destaque Mário Quintana.

Compõem a Mesa, além deste Presidente, o Excelentíssimo Sr. Vice-Prefeito Municipal de Porto Alegre, Dr. João Verle; o nosso homenageado, o Jornalista Tatata Pimentel, e o Sr. Presidente da ARI, Dr. Ercy Torma.

Esta homenagem foi proposta pela Ver.ª Clênia Maranhão, do PMDB.

Convidamos todos os presentes para, em pé, ouvir o Hino Nacional.

 

(Executa-se o Hino Nacional.)

 

O Troféu Destaque Mário Quintana, criado nesta Casa, teve a sua primeira edição em 1998. Ele é de extrema importância porque destina-se a homenagear comunicadores de destaque no Estado do Rio Grande do Sul. Já foram homenageados Jorge Alberto Mendes Ribeiro, em 1998, Moacyr Scliar, em 1999, e Amir Macedo Domingues, no ano passado. Veja, Tatata Pimentel, a importância dos companheiros já reconhecidos por esta Câmara Municipal, do primeiro escalão da comunicação na Cidade de Porto Alegre, eu diria. A Ver.ª Clênia Maranhão foi extremamente feliz quando apresentou essa proposta à Casa, que foi votada de maneira unânime em reconhecimento a toda a história e ao trabalho efetuado pelo nosso homenageado, Tatata Pimentel.

A Ver.ª Clênia Maranhão está com a palavra em nome das Bancadas do PMDB, PC do B e PL.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Fernando Záchia, Ex.mo Presidente da Câmara Municipal; Sr. João Verle, Vice-Prefeito de Porto Alegre; Sr. Tatata Pimentel, jornalista, nosso homenageado nesta tarde; Sr. Ercy Torma, Presidente da ARI; Srs. Vereadores e Sr.as Vereadoras; demais autoridades presentes, senhores da imprensa, senhoras e senhores, familiares, amigos do Tatata Pimentel. Eu quero agradecer a todos vocês pela oportunidade de compartilhar este ato da entrega do Troféu Destaque Mário Quintana ao comunicador social Tatata Pimentel.

Hoje fui surpreendida pela cerimonial da Casa por uma obviedade; eles me avisaram algo absolutamente normal. Mas a obviedade é sempre um risco no nosso destino. Eu deveria fazer um discurso na Sessão Solene em homenagem ao Tatata. Foi um ato falho do meu inconsciente, eu não me lembrava disso. E porque eu tinha, na verdade, na minha memória, a certeza de que em Porto Alegre ninguém precisa falar do Tatata. Para que descrevê-lo? Por que precisamos falar dele se todos nós o conhecemos tanto, se nós conhecemos o Tatata através de tantas facetas? Porque o Tatata é algo absolutamente transparente, com absoluta visibilidade. É alguém que se revela em cada frase, em cada gesto, no seu visual ousado, despojado e especial, tudo com a cara do Tatata.

Bom, mas se assim exige o cerimonial e se é praxe, vamos fazê-lo. Mas de que Tatata devemos falar? Nós vamos falar, quem sabe, de todos eles, porque todos são extremamente interessantes. Posso falar do Tatata, a marca registrada da irreverência e do brilhantismo. Posso falar do professor de tantos e tantos alunos. Posso falar do jornalista, e, talvez, falar de um Tatata que vocês não conhecem: de um dançarino e de um artista plástico. Possa falar de tantas experiências, mas posso dizer uma coisa que, seguramente, todos nós temos certeza: Tatata é, fundamentalmente, um amigo dos seus amigos. Pois é, mas se são tantos os “Tatatas” a serem descritos e se todos que estão aqui seguramente o conhecem tão bem, o conhecem como colega de trabalho, como companheiro de luta, como aluno, como familiar, eu então vou apenas me referir a uma faceta do Tatata que me fascina. O que me fascina no Tatata é que ele é um sucesso duradouro em um país de tão fácil sucesso e de sucessos tão rápidos.

O Tatata é um sucesso duradouro na mídia brasileira, onde há um padrão muito forte, onde há um estilo comum de apresentadores, de homens de gravatas, de posturas sérias, com gestos de yuppies e cabelos ao gel; um tom de voz pausado, claro, e, às vezes, perfeccionista demais, linear demais aos ouvidos dos brasileiros, com tanta riqueza e com tanta diversidade. Aí o nosso fascínio pelo Tatata. O Tatata rompe com tudo isso e, no momento globalizado – como nós vivemos -, ele consegue manter a diferença, ser específico, único, esbanjando emoções, passando sentimentos de liberdade. Falar do Tatata é falar de alguém que sai sempre do lugar comum.

Isso me lembra do Prof. Mílton Santos, uma grande perda recente que o Brasil teve. Ele intitulava a nossa cultura de “uma cultura midiática de massas”. Em seu texto, sobre as coisas mais banais, Tatata se contrapõe a isso. Ele demonstra, com seu raciocínio absolutamente transparente, uma visão de horizontalidade, nos levando a sonhar com utopias.

Fico pensando que esse sentimento que Tatata nos passa não foi criado por acaso, nada é por acaso, ele é, na verdade, resultado de uma longa história, de uma rica e longa vida construída em cima de tantas experiências, e que foi criada, porque o Tatata nunca ficou sentado em cima dessas experiências. Ele tomou todos os barcos que surgiram nos seus mares, tal qual Amyr Klink. E isso levou o Tatata a tantos lugares e fez com que nós pudéssemos ter o privilégio da sua presença. Isso levou Tatata de Santa Maria, isso trouxe Tatata para Porto Alegre; isso levou Tatata para Dakar, Senegal, Espanha, França, Itália e por toda a Europa. Isso fez do Tatata uma pessoa universal, conseguindo garantir sempre o seu caráter brasileiro, gaúcho e, que sem sabe, até santa-mariense.

E o Tatata recebe hoje um troféu de um gaúcho que é o grande orgulho de nossa Cidade. Eu queria terminar esta homenagem para o Tatata lembrando o Mário Quintana. Lembrando uma coisa que nós jamais podemos esquecer. Diz o nosso grande poeta: “Se as coisas são inatingíveis, ora, isso não é motivo para não querê-las. Que é triste os caminhos, se não fosse a presença distante das estrelas”. Tatata é uma estrela. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Convidamos a Ver.ª Clênia Maranhão para fazer a entrega do Troféu Destaque Mário Quintana ao Jornalista Tatata Pimentel.

 

(A Ver.ª Clênia Maranhão procede à entrega do Troféu Destaque Mário Quintana ao Jornalista Tatata Pimentel.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra e falará em nome da Bancada do PSDB.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Por certo, o Tatata, hoje, por mais que goste de Paris, talvez esteja preferindo estar em Porto Alegre, porque exatamente há o reconhecimento que nós fazemos ao seu trabalho, a sua participação e a sua presença, que, a partir de Porto Alegre, em Porto Alegre, com Porto Alegre, ele difundiu em todo o Estado do Rio Grande do Sul e, certamente, também fora deste Estado. Se eu pudesse dar um pequeno título a esta rápida intervenção, Tatata, diria que quero falar de dois ou três motivos pelos quais pretendo te homenagear, lembrando também o cinéfilo inveterado que tu és. Noblesse oblige, a culpada é a Professora Izolda, porque afinal tu foste um dos tantos alunos da Professora Izolda Paz e resultaste numa figura pública e, felizmente, a Professora Izolda veio aqui assumir a sua parte de responsabilidade nesta homenagem, neste ato. A Ver.ª Clênia Maranhão, de uma certa maneira, antecipou esses motivos e vou me permitir, Ver.ª Clênia Maranhão, organizá-los a partir da minha experiência.

A minha experiência, primeiro, é de admirador do Tatata Pimentel. Há muitos anos, eu, espectador de TV, acompanhava o Jornalista Tatata Pimentel, e me chamava a atenção, sempre - num momento muito difícil, às vezes, nos anos 60 –, a maneira de como dizer, o que dizer, para quem dizer, o Tatata Pimentel conseguia dar o seu recado, driblando, muitas vezes, a censura, tendo a coragem de enfrentá-la, nos velhos tempos, se não me engano, na TV Difusora, lá no alto do Morro. O segundo motivo, é o duplo colega que tive a honra e a alegria de ser do Tatata Pimentel: como aluno do Curso de Mestrado em Letras, em que infernizávamos os nossos professores de Letras da PUC - o Tatata Pimentel fazia questão de ficar vários semestres na mesma cadeira só para incomodar todo mundo e continuar estudando gregos e romanos, que fazia questão de citar no original, para desespero da Professora Regina Zilbermann -, e, depois, na FAMECOS, como professores, nós dois, de Teoria da Comunicação, onde o Tatata Pimentel sempre teve uma disponibilidade fantástica para ser colega, para ser realmente companheiro, num trabalho conjunto, de substituição, às vezes, de disciplina, quando eu viajava ou estava envolvido em atividades aqui, na Casa. Inclusive, muitas vezes, o Tatata Pimentel era dos poucos professores que dizia: “Não, deixa que eu substituo na turma.” E lá estava ele, enfrentando duas, três turmas numa sala única. Vocês imaginem a confusão de cento e cinqüenta alunos infernizando o Tatata Pimentel, e ele, lá, tranqüilíssimo, mostrando as Revistas Beneton para as gurias e para os meninos. O terceiro motivo, resultado disso tudo, certamente, o amigo. O amigo que aprendi a admirar, respeitar, um amigo que tem como característica a fidelidade, como lembrou a Ver.ª Clênia Maranhão, mas, sobretudo, a fidelidade a ele próprio. O Tatata Pimentel é desses tipos estranhos e fundamentais que a gente aceita ou não aceita, porque ele não abre mão de ser exatamente o que é. Então, a gente se dá com ele e tece essa relação ou realmente a gente não se dá com ele. Só que é muito difícil não se dar com o Tatata Pimentel, porque, quando menos se espera, ele larga uma piada, ele diz uma pequena frase, e isso nos envolve. Realmente é muito difícil não se dar com o Tatata Pimentel.

A escolha que a Ver.ª Clênia Maranhão fez de outorgar-lhe este Troféu, entre tantas outras alternativas pelas quais poderíamos homenagear o Jornalista Roberto Pimentel, me parece extremamente feliz. Em primeiro lugar, pela relação que o Tatata Pimentel tem com a Literatura, muito especialmente com a poesia. Mas o segundo motivo, talvez o maior de todos, é que certamente o Tatata Pimentel é um autêntico personagem do Mário Quintana. Como Mário Quintana, o Tatata Pimentel tem sido um moleque. Moleque no sentido de quebrar as regras, moleque no sentido de ser inventivo, moleque no sentido de estar sempre presente na hora menos esperada, dobrando a esquina, como diria o nosso poeta maior.

Por isso, Tatata, o meu abraço, o meu carinho muito especial e, sobretudo, o meu orgulho por teres sido, através da Ver.ª Clênia Maranhão, um dos homenageados desta Casa. Esta Casa fica realmente honrada com a aceitação, da tua parte, desta homenagem com o nome do nosso poeta Mário Quintana. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. Adeli Sell está com a palavra, e falará em nome da Bancada do PT.

 

(O Ver. Carlos Alberto Garcia assume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Meu caro Tatata Pimentel, tenho o prazer de falar em nome da minha Bancada, a Bancada do Partido dos Trabalhadores, nesta homenagem muito bem lembrada pela Ver.ª Clênia Maranhão; esse Troféu Mário Quintana é por demais merecido. O Tatata é de fato gente como a gente, gente da noite, da madrugada, do alvorecer, do meio-dia, do fim de tarde, do pôr-do-sol do Guaíba. Não importa onde você nasceu; você é um personagem, uma personalidade, uma lenda de Porto Alegre, alguém que representa esta cultura multifacetada que é a nossa Capital, que é o Rio Grande do Sul, que tem um ar, muitas vezes, de província, mas que tem a grandeza da universalidade. Você é, de fato, um homem do mundo, representando a nossa Porto Alegre, a nossa cultura, o nosso jeito de ser, esse jeito, como já foi dito, de não abrir mão do que a gente é. É importante nos dias de hoje, quando muitas e muitas vezes nós somos levados, pelos grandes meios de comunicação, a nos tornar uma massa indistinta, nós vermos personalidades como Tatata Pimentel distinguir-se dessa porção toda e ser aquilo que nós sempre devemos ser: as nossas raízes, a nossa maneira de encarar o mundo e de fazer com que essa maneira chegue as outras pessoas. Porque é dessa maneira também que a gente muda as pessoas, transforma a nossa Cidade, transforma o nosso mundo, encanta as pessoas.

O importante na sua trajetória, seja como homem de televisão, seja como professor ou como agitador cultural da nossa Cidade, é estar colaborando sempre para que Porto Alegre tenha essa chama, tenha essa cor, tenha essa alegria, tenha esse encanto. O seu encanto é o encanto de Porto Alegre, a Porto Alegre que, sem dúvida nenhuma, pela multiplicidade que apresenta, tenho certeza, também o ajudou a assim ser. É por isso que hoje, nesta tarde, nós temos o prazer de homenageá-lo. Eu deixo aqui a minha saudação, o meu abraço carinhoso, em meu nome e em nome da minha Bancada, meu caro Tatata Pimentel. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra, em nome da sua Bancada, o PDT.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Meu caro Roberto Bicca Pimentel, digo assim até pelos anos que já se passaram, portanto posso dizer o nome, até porque todos o conhecem como Tatata Pimentel.

Ontem, quando soube que iria realizar-se, hoje, a Sessão Solene de entrega do Troféu Mário Quintana, Ver.ª Clênia Maranhão, ao nosso Tatata Pimentel, manifestei a minha intenção de ser o orador, pois, em função do tempo e do convívio com o Tatata, gostaria de manifestar-me nesta Sessão. Naquele primeiro momento, não tive sorte, porque o nosso Líder, Ver. Nereu D’Avila, manifestou a sua intenção de falar, porque foi seu colega de turma na Faculdade de Direito na Universidade Federal. Quis o destino que uma gripe inviabilizasse a sua presença nesta Sessão Solene e eu pudesse usar da palavra, representando o PDT, o trabalhismo, os Vereadores da minha Bancada: João Bosco Vaz, Nereu D’Avila, Humberto Goulart, Ervino Besson e este Vereador. Sinto-me muito à vontade, porque o tempo me traz belas lembranças.

Para sua alegria, Ver. Adeli Sell, o jornalista, o comunicador, o bacharel, Prof. Roberto Bicca Pimentel, nosso Tatata Pimentel, era companheiro inseparável, Ver. João Verle, nos bancos escolares, do hoje Vice-Presidente de Relações Internacionais do PT, Marco Aurélio Garcia. Eram companheiros de grandes discussões literárias que se desenrolavam - para a nossa alegria, Prof.ª Isolda - lá no Colégio Júlio de Castilhos, porque o Roberto tem jeito assim de aluno do Aplicação, mas ele não foi aluno do Aplicação. “É outro departamento”, diz o Tatata, que foi professor do Aplicação. Agora, tivemos esse orgulho de criar figuras, de gerar, lá no Colégio Estadual Júlio de Castilhos, professores desse nível, e eu sei – conheci-o depois como professor - da alegria, da participação e da sua competência nas aulas. Poderia dizer, fundamentalmente, que o Tatata é um professor, mas ele é, basicamente, um grande comunicador, porque um professor também é um comunicador.

Recordo-me quando, ao lado da sua casa, na Jerônimo de Ornellas, preparava-me para o vestibular. Ele já era um moço feito, estava saindo da universidade, e eu, ali, preparando-me, com o seu primo Renato Bicca, para fazer o vestibular, e ele ia lá nos dar umas aulas, nos proporcionando conhecimentos fundamentais, inclusive de latim, até porque tínhamos de passar por uma banca examinadora onde estava o Prof. Eupídeo Paes, e não era fácil, porque tínhamos de saber para conseguir passar. Depois, convivíamos com aquele encanto de figura que era o Prof. Eupídeo Paes.

Essa é a figura com a qual convivi, e tive a oportunidade, neste convívio com o Tatata, de ver este constante renovar-se, esta permanente presença, esta criatividade. Quando ninguém imaginava o que era a África, o Senegal, o Tatata ia ao Senegal e já voltava. Ia à França, quando não havia esta extraordinária facilidade de ir à Europa. Era extremamente versado na cultura francesa, na literatura brasileira, onde as suas preleções sempre foram maravilhosas. E ele optou pelo caminho da comunicação e se constitui numa referência da irreverência, do padrão de grandes figuras que criamos no jornalismo brasileiro, como na área da crônica - com o Sérgio Porto, o saudoso Estanislau Ponte Preta, com o Paulo Sant’ana -, onde incluo o Tatata Pimentel, pela sua história, e pela forma como consegue fazer uma televisão criativa, com cultura, com padrão, com qualidade, com nível.

Fico extremamente alegre em vê-lo sendo homenageado aqui na sua Câmara Municipal, com a presença das suas irmãs, da Janice, da Vera. Imagino a satisfação que teriam os seus pais, o Seu Valfredo e a Dona Zaira, em vê-lo sendo homenageado neste momento, recebendo o reconhecimento da Cidade de Porto Alegre a tua figura, Roberto. O reconhecimento da qualidade do trabalho, que, por anos, fizeste e conquistaste aqui na nossa Cidade; o reconhecimento do trabalho, seja na condição de comunicador, seja na condição de professor, de apresentador de televisão. É extraordinária essa tua carreira, que ainda tem muito a acontecer aqui na Cidade de Porto Alegre, sendo local, falando da nossa aldeia, como diria Tolstoi: “Nós somos os mais universais de todos”. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Beto Moesch está com a palavra em nome do seu Partido, o PPB.

 

O SR. BETO MOESCH: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Falo aqui em nome do meu Partido, Partido Progressista Brasileiro; a nossa Bancada é composta pelo nosso Líder, Ver. João Antonio Dib, pelo Ver. Pedro Américo Leal, Ver. João Carlos Nedel e este Vereador.

Ao falarmos no Tatata Pimentel, logo lembramos do comunicador, um personagem porto-alegrense que, de forma muito peculiar e sui generis, fez imagem, tem jeito próprio e, ao meu ver, é extremamente qualificado para se comunicar. Se fizéssemos até uma pesquisa na rua para perguntar quais são os mais conhecidos comunicadores de televisão de Porto Alegre, certamente Tatata Pimentel estaria entre os mais lembrados da nossa comunidade porto-alegrense. Mas gostaria, aqui, justamente por ser uma casa política que está homenageando Tatata Pimentel, de falar de uma passagem em que tive o privilégio de ver o outro lado ou até o outro lado mais amplo do Tatata Pimentel.

Em 1992, ano eleitoral, eu pertencia a um grupo de jovens que estudava política, as várias correntes de sistemas políticos, e nós procuramos o Centro Acadêmico do Curso de Direito da PUC e da FAMECOS para fazermos um debate entre os candidatos a Vereador de Porto Alegre. Eu não era candidato nem pensava em concorrer, na época, embora soubesse da importância em participar da política. Nós conseguimos colocar os principais candidatos a Vereador, um por partido, e, dependendo do potencial do candidato, até mais de um por partido. Lotamos o Auditório da FAMECOS e ali fizemos o debate entre candidatos a Vereador.

Vejam como é difícil vermos em Porto Alegre um debate entre candidatos a Vereador; eu, por exemplo, no ano passado, não participei de nenhum debate entre candidatos a Vereador, porque há um preconceito muito grande da sociedade em oportunizar debates nesses sentido. Nós conseguimos um debate, e, para nossa decepção, embora o Auditório estivesse lotado, nenhum professor liberou os seus alunos, nem do Direito nem da FAMECOS, para participarem de um debate tão importante, porque logo em seguida haveria eleições municipais em Porto Alegre, com exceção de um professor: Tatata Pimentel. Ele foi o único professor que liberou e, mais do que isso, acompanhou a turma e participou daquele debate.

Faço este registro, porque o Tatata Pimentel é, realmente, aquela pessoa completa. É, sim, um comunicador, é sim um jornalista, e, por isso, é, sim, um político, uma pessoa que tem uma visão política, que sabe que os seus alunos e a sociedade devem participar do processo político para que possam participar das mudanças necessárias e das conquistas de que a sociedade precisa.

Justamente por tu estares sendo homenageado pela Câmara de Vereadores é que eu faço, com muito prazer, esse registro político da tua consciência, da tua concepção e do teu alcance político como profissional, como professor e como comunicador.

Meus parabéns por toda essa tua trajetória! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra, pelo PFL.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Eu tive, Ver. Isaac Ainhorn, a oportunidade de ouvir, na sua manifestação juliana, que V. Ex.ª, certamente, queria assegurar para si a autoria da homenagem que a Casa, por iniciativa da Ver.ª Clênia Maranhão, presta ao Tatata.

Realmente a Ver.ª Clênia Maranhão foi extremamente sensível e sagaz, como de costume, inteligente, quando foi pinçar no nome do Tatata, a pessoa a quem nós destacamos com o Prêmio Mário Quintana neste início do milênio, ano 2001. Foi feliz a Ver.ª Clênia Maranhão, porque ela permitiu, evidenciando a parte visível do Tatata, que é a sua parte de comunicador, que cada um de nós fosse buscar as suas próprias razões para homenageá-lo com esta distinção. Eu mesmo lembro que, quando do encaminhamento da votação, fazia essa referência, ou seja, que certamente a Casa haveria de conhecer com muita intensidade a atividade de comunicador do Tatata, uma vez que ele sempre teve uma visibilidade absoluta, sempre comandando programas em emissoras de rádios e, especialmente, de televisão, de grande audiência. Certamente, poucos sabem da sua aprofundada e surpreendente cultura, que, de certa forma, até não casaria bem com aquele tipo que ele demonstra em seus programas de televisão. Eu lembro de grandes tertúlias, há vinte ou trinta anos, em que o Tatata Pimentel demonstrava um conhecimento fantástico sobre o Egito; era uma demonstração inquestionável de que ele não é um mero professor de História, é um professor de História que ama aquilo que faz, que busca o conhecimento ardente na tentativa de se satisfazer e poder, com isso, se qualificar para transferir melhor as informações que os seus alunos recebem nas universidades e nas escolas onde ele leciona.

Por isso, Ver. João Antonio Dib, nós comentávamos, na ocasião da votação, que esta Casa, com freqüência, é surpreendente, porque a inteligência dos seus integrantes sabe pinçar, no meio da comunidade, aqueles valores que, aparentemente, não são reveladores de qualidades maiores, na verdade, são profundos e, sobretudo, autênticos representantes do nosso quotidiano, do quotidiano da Cidade de Porto Alegre. O Tatata Pimentel é uma dessas circunstâncias, tanto que todos os Vereadores que vieram a esta tribuna, cada um a seu modo, enfocou o Tatata Pimentel em uma das suas facetas. O jovem e brilhante Ver. Beto Moesch se surpreendeu, quando, em um momento de intolerância política de professores da Pontifícia Universidade Católica, da minha Faculdade de Direito e da Faculdade dos Meios de Comunicação Social, uma voz se levantou lá dentro, quebrando essa intolerância e dando o bom exemplo que, espero, tenha frutificado na minha PUC.

Por isso, Tatata Pimentel, não querendo ferir mais ainda o Regimento e me dobrando a essa campainha intolerante - como aqueles teus colegas que não quiseram permitir que os colegas do Ver. Beto Moesch participassem de uma vivência político-democrática altamente salutar -, eu digo que as minhas razões são muito mais de coração, são muito mais de sentimento. É o Tatata Pimentel do Clube do Comércio, é o Tatata das noitadas na Casa do Amadeu, é o Tatata daquelas grandes conversas, e que, no seu estilo irreverente, na expressão do Isaac, nunca consegue esconder a sua melhor característica, que é o humor de quem está eternamente em bem com a vida. Espero que tu, hoje, tragas esse fluido positivo e que transformes esta Casa toda numa Casa onde homens e mulheres, de bem com a vida, trabalhem para a Cidade, esta Cidade que sei que amas, e que reconhece teu trabalho no dia de hoje.

Meus cumprimentos, Tatata. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra, em nome do PTB. Solicitamos que o Presidente Fernando Záchia reassuma os trabalhos.

 

O SR. HAROLDO SOUZA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Na vida não é necessário que nós tenhamos convivência para que possamos conhecer os seres humanos, basta observarmos suas ações, suas atitudes, sua maneira de ser no trato com o próximo, com outro ser humano, para que nós possamos distinguir, realmente, quem são as pessoas que povoam este planeta. O Tatata Pimentel é uma dessas figuras que veio para cá para fazer exatamente o que ele faz, com tanta dedicação e com tanta propriedade. Em outras vidas ele já foi mais ou menos isso, talvez no Egito, não se sabe. Mas o seu jeito carinhoso de fazer as coisas é diferenciado do dos demais, fato que o mantém como jornalista, como comunicador, mas ele soma, o Tatata Pimentel soma, na sua vida, várias facetas, qualidades que realmente precisam ser destacadas. Quem vai para o lado do Direito, ele é um advogado, quem vai para o lado da Comunicação, que é o meu chão, que é a coisa que eu gosto de fazer... O Tatata realiza com extrema delicadeza e com extremo conhecimento aquilo que faz, ele é diferenciado dos demais, dentro desta profissão que é comunicar, um ato tão gostoso, e isto todos nós fazemos: a comunicação. Mas ele também é um professor e foi destacado aqui pelo Ver. Beto Moesch. Ensinar as pessoas. É preciso saber ensinar e isso ele sabe como ninguém.

Mas eu queria destacar a sensibilidade do Tatata Pimentel nas artes plásticas. Muitas pessoas não sabem, mas ele é um profundo conhecedor de artes plásticas e um amante da música clássica. Quem gosta de música clássica, quem gosta de artes plásticas é um ser humano que atinge a sensibilidade necessária para ser um homem que merece a homenagem que está recebendo hoje desta Casa, nesta iniciativa tão propícia da Ver.ª Clênia Maranhão.

Receba, Tatata Pimentel, em nome de todos nós, da Casa, do Presidente Luís Fernando Záchia e do meu Partido, Partido Trabalhista Brasileiro, através de seus Vereadores Cássia Carpes e Elói Guimarães, o nosso abraço e os cumprimentos, e este Troféu Mário Quintana está nas mãos de quem, realmente, o merece receber. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra e falará em nome do PSB.

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Para nós é motivo de alegria poder participar desta solenidade, e a Ver.ª Clênia Maranhão, brilhantemente, soube pinçar, entre tantos comunicadores que temos no nosso Estado, uma pessoa ímpar: Tatata Pimentel. Inúmeros Vereadores falaram das suas relações, dos seus conhecimentos. Eu vou falar um pouco de um Tatata que eu conheci em 1964. Faz trinta e seis anos, Tatata! Lá, no Colégio Infante Dom Henrique, eu era aluno, nós tínhamos uma diretora que os alunos e professores amavam: Maria José Tocheto. Uma professora fantástica, num velho prédio de madeira, que andava para tudo que era lado e havia recém-chegado um professor que tinha uma característica: ele ficava no pátio com os alunos. Era bom de papo, comunicava-se bem em sala de aula e bem fora de aula. Era um grande contador de história, contava para os seus alunos e sabia uma coisa importante para o comunicador: sedução. O Tatata Pimentel sempre foi alguém que seduziu, que seduz. Ninguém falou, mas eu vou falar também de um Tatata Pimentel, que, na década de 70, fazia, junto com o Rui Sommer, um furor em Porto Alegre no Encouraçado Botequim, trazendo aquelas pessoas de alta relevância no meio cultural. O Tatata Pimentel foi um desbravador, um desbravador de mundo, esse contador de história que tanto fazemos questão de referir. E o Tatata Pimentel sempre foi uma pessoa nova e velha, porque trazia as coisas mais antigas para a atualidade, com essa sua irreverência. Quando falei em irreverência, o Tatata Pimentel é único irreverente. Ele consegue, nessa sua maneira ímpar, seduzir as pessoas. Tatata, eu posso dizer que tu és atualíssimo, tu és novíssimo, e, neste teu novo programa que faz quatro anos, o Gente da Noite, tu consegues pegar toda essa população jovem e de mais idade e tu consegues ainda fazer a sedução, porque isso é uma característica tua.

Então, Tatata Pimentel, em nome do Partido Socialista Brasileiro, em meu nome, quero-te parabenizar, parabenizar as tuas irmãs, a Janice e a Vera, e dizer que continues sempre com o teu alto astral, porque esse dom de sedução e de ser único é você.

Ver.ª Clênia Maranhão, mais uma vez, parabéns por V. Ex.ª ter concedido à Cidade de Porto Alegre este prêmio a esta pessoa ímpar, maravilhosa, e que, a cada dia mais, e durante muitos e muitos anos, irá seduzir a população de Porto Alegre e do nosso Estado. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): O Sr. Tatata Pimentel, nosso homenageado, está com a palavra.

 

O SR. TATATA PIMENTEL: Fernando Záchia, Clênia, João Verle e Ercy, nessa idade eu não chamo mais ninguém de senhor, porque, geralmente, eu sempre sou o mais velho de todo esse grupo aí.

Vocês não me deixaram mais nada para dizer. A Clênia disse que eu sou transparente – eu não sabia. Todo mundo conhece a minha vida, inclusive a privada, que roupa eu visto, que cueca eu visto, qual é a meia, que lugares freqüento. Infante Dom Henrique, meio chafurdando na lama. Tudo o que vocês disseram realmente é verdade. Eu não sabia que vocês teriam essa condição de me perceber, porque eu acho que eu finjo, mas finjo como criança: todo mundo sabendo que é mentira e lendo o correto, criança que quer passar por adulto.

Eu acho que, realmente, é uma vantagem minha eu ter-me recusado a amadurecer no sentido de “amadurecer”: ficar velho, chato, esclerosado, pantufas, não sair de casa. Eu, aos 40 anos, pus um brinco - comprei-o numa loja de criancinha -; aos 50 anos, pus um outro brinco; aos 60 anos, aconselhado pela Cristina Franco, da Globo, resolvi descolorir o cabelo e deixá-lo arrepiado, e não sei muito bem o que vou fazer aos 70 anos. Espero que, com os votos de vocês, eu invente mais alguma coisa.

Vocês todos me citaram aqui como professor e comunicador. Muita gente pergunta: “Como é que tu dás as aulas?” E eu respondo: “Como eu faço televisão.” “Mas como é que tu fazes televisão dessa maneira?” Eu digo: “Porque durante quarenta anos eu dei aulas desde o IRGA, em Cachoeirinha, quando não existia a Freeway.” Infante D. Henrique, o Júlio de Castilhos, o Curso de Letras da PUC, a FAMECOS, da PUC, milhares de cursos. Eu, realmente, nunca quis me dividir dizendo, de noite, sou Gente da Noite. Eu nunca fui gente da noite, gente da tarde ou gente do dia. Eu sempre fui realmente a mesma pessoa e tem uma coisa que faz com que algumas pessoas fiquem chateadas: eu sempre disse o que quis. Eu acho que essa sinceridade é que me faz receber esta gentileza da Clênia, pois, realmente, pouco nos conhecemos, para que eu tenha a honra, com a tua proposta, de receber o Brasão da Cidade de Porto Alegre, onde eu já quase que me sinto cidadão daqui.

Eu entrevistei a Clênia Maranhão no Porto Visão, nos tempos da idade da pedra da televisão. Ela me deu carona, deixou-me na esquina da Av. João Pessoa com a Rua Olavo Bilac, conversamos à tripa forra, bastante, beijamo-nos, conhecemo-nos. Eu não posso dizer que estou emocionado, porque é mentira, mas estou muito em casa, porque conheço todos vocês, sem exceção.

A Isolda estava sentada na minha banca de vestibular e disse-me: “Fale-me sobre o gótico”, depois ela queria saber sobre a Renascença, isso no tempo em que o vestibular tinha exame oral. Eu levantava do Curso de Letras com a Isolda, sentava-me a tarde inteira, esperando que o Eupídio me argüísse, em latim oral, na UFRGS. A Eneida, que ele apontava e dizia: “Traduz aqui.” Isso sem dicionário, sem nada. Graças a Deus, eu peguei a época árdua e maravilhosa da nossa grande Universidade. A Isolda é uma das minhas mestras, convidou-me e me fez uma maldade muito grande. Eu tinha de fazer um estágio no Aplicação, Literatura, no primeiro ano do Clássico. Veio a Isolda com aquele papo famoso: “Quem sabe tu passas um ano dando aula no Aplicação, porque é bom, vais praticar bastante”. Eu fiquei um ano, agüentei os “diabos” mais inteligentes de Porto Alegre, maravilhosos, é um grande Colégio. Eu acredito que a minha prova de fogo foi o vestibular oral, foi ter sido aluno de Eupídio Paes, que a Isolda sabe, foi uma sumidade de professor.

A minha prova de fogo foi ter chegado de Londres, em 1962, com uma mala yellow submarine, e o Daudt ter-me visto com aquelas gravatas de girassol desse tamanho. Ele me convidou para fazer televisão; sem pestanejar, eu fui. Convidaram-me para dar aula numa universidade, sem pestanejar, eu fui. Agora, com mais de trinta anos de tevê, eu agradeço o convite da RBS para que eu faça um programa num canal extremamente jovem que é a TVCOM. Eu tenho certeza de que o Nelson e o pessoal, os proprietários da firma, queriam uma gente com uma carinha bem mais bonita, bem mais Brad Pitt do que eu, para fazer televisão. Eu gostei, agradeço aqui, já que estou sendo homenageado como comunicador. Esse trabalho pelo qual eu recebo este prêmio que hoje vocês me conferem foi reconhecido pela Rede RBS, que me convida, já aos 60 anos, para apresentar um quadro chamado Gente da Noite, lá se vão quatro anos. Eu pretendo fazer esse quadro até quando puder, porque acho que eles acreditaram em mim.

E esse quadro demonstra o que todos vocês conhecem: a minha vida de cabo a rabo, completamente transparente. Eu nunca consegui mentir na vida, e tudo o que vocês assistem que eu digo no vídeo, eu digo aqui da tribuna. Digo para familiares, amigos e vizinhos. E, citando isso, quero agradecer às minhas vizinhas que compareceram; às irmãs, que estão lá, ao amor da minha vida, Eleonora Rizzo, que me sustenta, que compareceram aqui com a gerente, que eu incomodo, a marchand Luísa Fontoura, minha querida amiga. Quero agradecer a esse pessoal que sempre conviveu comigo, como vocês, desta Câmara, e a um elemento, lá, que está aprendendo a ser Tatata Pimentel, ela está sentada lá no fundo, aos 10 anos de idade, comparecendo à Câmara Municipal de Porto Alegre: a Maria Cristina.

Agradeço, e não seria feio de minha parte dizer que outras pessoas mereceriam este Troféu, mas, ao ganhar este primeiro Troféu, com esta seriedade da Câmara, fico realmente muito elogiado, porque é a coroação de uma carreira que eu trato prazerosamente, profissionalmente e brincando sempre com muitíssima seriedade.

Clênia Maranhão, um beijo, obrigada. Isto vai para um local de honra, o meu altar budista, com velas e incenso, eternamente. Não vai virar peso de papel.

Agradeço aos Senhores pelo comparecimento aqui e fico emocionado com esta primeira grande e séria homenagem a minha vida profissional. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Ouviremos, a seguir, o Hino Rio-Grandense.

 

(Executa-se o Hino Rio-Grandense.)

 

Agradecemos a todos pela presença. Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 18h19min.)

 

* * * * *